Confesso que nunca vi, em toda a história recente da política paraibana, um político agindo gritantemente sob a influência do medo. Nada além do medo. É isso que move o apoio do prefeito Luciano Cartaxo ao governador Ricardo Coutinho. Medo. Com um M bem maiúsculo. Medo de ter que enfrentar RC em 2016.
Quem é do meio político sabe que o prefeito Luciano Cartaxo não suporta Ricardo Coutinho. Declarações impublicáveis de ambas as partes não é novidade para quem vive os bastidores da política e acompanhou a eleição de 2012.
Como eleitor de Cartaxo, não compreendi seu apoio ao governador Ricardo Coutinho, adversário indireto na disputa pela prefeitura de João Pessoa. Não só por isso, mas também pela oposição ferrenha feita pelo então deputado estadual Luciano Cartaxo, que classificava o governo “socialista” de incompetente e lhe dava nota 2.
Mas, aparentando sintomas graves de amnésia política, eis que o prefeito Luciano Cartaxo assume a coordenação da campanha de seu possível adversário na eleição de 2016. Das duas uma: ou Cartaxo desaprendeu a fazer política ou está confiante demais na vitória de Ricardo Coutinho.
Se o governador não conseguir a reeleição, naturalmente se torna o candidato de oposição ao governo do PT. E com que cara Cartaxo vai criticar um candidato ao qual já foi coordenador de campanha? A resposta é simples, com a mesma cara que, da noite para o dia, foi capaz de defender um governo que outrora taxava de incompetente, mas que hoje considera perfeito.
A culpa não é dos políticos. É do eleitor que tem memória curta e aceita tamanha incoerência.
Político de sorte, Luciano Cartaxo viu a prefeitura cair em seu colo mais pelo erro de Ricardo Coutinho – que quis empurrar Estela Bezerra de “goela abaixo” – do que por mérito próprio.
Apesar das circunstâncias, Cartaxo é o prefeito da cidade e, em tese, maior liderança política de João Pessoa. Mas infelizmente não vem agindo como tal.