Filho de Sousa, o prefeito Luciano Cartaxo aprendeu desde cedo o adágio popular. Não adianta tapar o sol com a peneira. Admitir a realidade é o caminho mais claro para quem deseja enfrentá-la. Foi essa opção feita ao reconhecer abertamente o ruído político com a Câmara de João Pessoa, cristalizado com a decisão de o Legislativo convocar a secretária de Educação, Edilma Ferreira, para explicações.
Ao peitar o tema, Cartaxo foi corajoso, quando sinalizou destemor em caso de necessidade de confronto com a Câmara, mas sereno, ao insistir no convencimento dos vereadores quanto às dificuldades conjunturais de cortes e reordenamento da máquina pública, providências que resvalam nos espaços destinados aos aliados na gestão.
Internamente, Luciano parece convencido que não há outra saída a não ser focar na viabilização administrativa, com a conclusão de obras. O enxugamento estaria norteado não apenas numa decisão unilateral, mas embasado em critérios técnicos apontados pela Falcone, consultoria contratada pela gestão municipal.
Na matemática apontada, João Pessoa precisa reduzir pessoal para garantir recursos em áreas essenciais e aporte de investimento em obras. O enxugamento, também, seria um “mal” necessário na tarefa escolhida pelo prefeito de corrigir distorções acumuladas há décadas.
As decisões de rearrumação miram na viabilização do bom andamento das ações do micro e do macro da cidade, advogam pensadores do núcleo do prefeito. Ontem, Cartaxo deixou clara a disposição de assumir o risco dos desgastes com o Legislativo e, inclusive, de conviver com uma bancada bem menor, se esse for o preço a ser pago.
Mesmo diante de presumíveis resistências e amuos localizados, o prefeito se apega a esperança de contar com a compreensão e apoio do maior interessado e beneficiário desse debate; a população de João Pessoa. Sabe que, na balança do embate, tem que ganhar primeiro a cidade.