Do Jornal da Paraíba A imprensa nacional e a população brasileira têm uma forte desconfiança que a nova CPI da Petrobras da Câmara Federal vai acabar em pizza. Primeiro, porque há muitos precedentes. Difícil encontrar a que não teve esse fim. Segundo, porque a indicação e a escolha do jovem deputado federal paraibano Hugo Motta (PMDB) para presidir a comissão só aumentou a desconfiança. A suspeita é natural. Por mais competência que o deputado de segundo mandato, de 25 anos, demonstre, ele não foi colocado lá para dar os resultados reais e apontar todos os envolvidos no esquema de corrupção, que surrupiou o dinheiro do brasileiro por meio de propinas. A impressão que dá, e talvez seja só impressão, é que Hugo vai servir de instrumento para tentar limpar a barra de boa parte de congressistas que direta, ou indiretamente, receberam dinheiro do esquema. Ao deputado não faltam boas intenções. Mas em meio às muitas “raposas” envolvidas, só deve ficar nas intenções. Esperamos que seja uma suspeita, mas a descrença move nossos corações quando é esse o caminho. Ao ser imprensado pelo jornalista Everaldo Pereira, no Jornal da Globo, semana passada, Hugo manteve o discurso padrão, inteligente. Defendeu a independência e a imparcialidade. No fundo sabe que não vai ser nada fácil manter essa postura firme diante das pressões de colegas, de amigos dos colegas, de mensageiros dos colegas. Principalmente daqueles dos partidos da base PMDB, PT, PP e outros. Outro agravante. É fato que toda CPI está sob suspeita. Mais da metade dos membros recebeu, indiretamente, dinheiro das empreiteiras investigadas. Hugo e os parceiros de CPI se defendem alegando que não há nada de ilegal. O dinheiro entrou via partidos e foi declarado. Verdade. Mas se são as legendas que devem favor as empreiteiras por doações milionárias, são os seus integrantes, os partidários, que articulam, no plenário, nos gabinetes, a melhor maneira de recompensar o agrado. Quem recebeu dinheiro, mesmo indiretamente, não tem condições morais de investigar. Não tem o corpo tatuado pela ilegalidade, mas tem pela dívida partidária. A isenção nesse caso é só um desejo. O máximo que a CPI deve fazer é pegar um, dois ou três e crucificar. Serão aqueles que deixaram rastros muito grosseiros, que se acostumaram com a imunidade, com a naturalização das práticas sorrateiras e serão pegos pela displicência. Agora é hora de ir à caça de um para, politicamente, ser queimado na praça. Uma vida para salvar outras tantas. A última CPI nem isso fez. Se o roteiro for como o de sempre, da projeção conquistada pelo deputado, agora, sobrará uma péssima imagem.