jul 05, 2015 Política 983
Ao sabor dos ventos
Por Heron Cid – Do Correio da paraíba
Até quem não simpatiza com Tárcio Teixeira, tem que dar o braço a torcer à sentença do ultra-esquerdista e ex-candidato a governador da Paraíba, em 2014, pelo PSOL. O assistente social está coberto de razão quando questiona a “coerência” das principais legendas do Estado.
Mesmo sem ser chamado, Tárcio se imiscuiu no debate travado nas últimas horas com o confronto envolvendo PSB, PT e PSDB, com revides, réplicas e tréplicas. A liderança do PSOL questionou a postura desses partidos, que se amam e se odeiam de acordo com os interesses das circunstâncias.
E é verdade. O PSB que hoje frita em fogo brando a gestão do PT em João Pessoa foi o mesmo que buscou, providencialmente, o apoio dos petistas para se salvar no primeiro turno da eleição estadual passada e abriu na sua chapa a vaga de senador, esquecendo todas as diferenças para formar um palanque.
O PT que virou a casaca para o PSB em 2014 é o mesmíssimo que passou três anos e meio metralhando, radical e histericamente, a gestão do governador Ricardo Coutinho. Aliás, ganhou a Prefeitura da Capital com o discurso de contraponto direto e contundente ao líder girassol.
O PSB que agora ataca e desqualifica precisou da aliança dos tucanos para ver sua expressão maior virar governador em 2010 e adulou até o último instante para ter o PSDB na chapa em 2014, o que só não ocorreu por decisão do senador Cássio Cunha Lima e sua opção de se lançar ao governo.
O PSDB que hoje incensa o PT, com gestos amistosos de quem sinaliza para a construção de uma remota parceria política, diante da fragilidade da aliança petista-socialista, é o mesmo que detona o partido de Lula e Dilma em nível nacional e acusou a legenda de Cartaxo de incoerência quando se aliou a Ricardo.
O PT que demoniza o PSDB e suas práticas é o mesmo que em João Pessoa e Campina grande dá asa aos tucanos com margem para especulações e tem entusiasmada base de apoio de vereadores do partido na Câmara de João Pessoa. Ao PT o PSDB, portanto, não serve para aliança, mas serve para sustentação.
Alguém lembra aí que o PMDB passou quase quatro anos fustigando o governo Ricardo e brigando pelo título de “verdadeira oposição”. Onde terminou? As alianças por aqui funcionam como “birutas” de aeroporto, ao sabor dos ventos. Por tudo isso, Tárcio Teixeira pode até não ter votos, mas tem muita razão.
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