(Do Jornal da Paraíba) – A segurança pública é um dos maiores calos do governo estadual. É que os bons números anunciados não estão em “sintonia” com a vida real. Os últimos dados oficiais divulgados são, de certa forma, um alento, uma esperança. Mostra que o Programa Paraíba Unida pela Paz deu, sim, resultados – tímidos, mas deu. E sem ele, estaríamos numa situação pior. O governo admitiu que precisa de mais. Por isso, não é para comemorar. Nem fazer propaganda. Ainda estamos na fase em que os números dizem uma coisa e a sensação nasruas é outra. E esse sentimentovai prevalecer até diminuírem os relatos de amigos, vizinhos e parentes: “dona Fulana foi assaltada, a casa de seu Beltrano foi invadida, o filho de dona Antônia foi assassinado”. No caso de homicídios, de fato, de 2011 a 2014, o relatório da Secretaria de Segurança Pública mostra que foi estancado um crescimento vertiginoso e conseguimos reduções leves ao longo dos últimos anos. Mas, somadas, são significativas: 9,94%.Os números absolutos revelam que tivemos a maior redução de violência do Nordeste e a terceira maior do país. Isso coloca a capital paraibana como a oitava mais tranquila do Brasil, segundo o governador Ricardo Coutinho. Mas, detalhe: os números são absolutos. E é com eles que o governo faz propaganda. Quando levamos em conta os dados proporcionais, considerando o número de habitantes e a quantidade de mortes, nossa taxa ainda é de guerra e ficamos nas colocações mais altas. No próximo Mapa da Violência, a taxa deve baixar para 38, 39 mortes para cada 100 mil habitantes. Hoje é de 40 mortes. O esforço já está valendo. A quantidade de drogas apreendidas foi significativa e ajuda- mais de sete toneladas entre 2011 e 2014. A apreensão de armas também, mas de 10.640. Porém, há algo errado que a política de segurança ainda não identificou. Ou, se fez, não teve capacidade de corrigir. Um mundo paralelo de negociatas, que tem uma semente plantada dentro dos presídios, onde se manda matar, roubar, traficar, e se estende para fora dele. No caso das drogas, continuamos cobrando uma ação mais efetiva na política de prevenção e recuperação de jovens dependentes. É assistência social que desagua em segurança pública. Com relação a redução no número de roubos aos estabelecimentos comerciais. Vale um olhar mais crítico, que o próprio governo deve ter. A diminuição de 44% pode não representar a realidade porque a gente sabe que há um sub-registro. Muita gente não vai prestar queixa porque, simplesmente, não acredita que vai ter solução. Porque a delegacia está fechada no fim de semana, à noite ou é preciso atravessar a cidade para prestar queixa. Justamente para ajudar nessa contagem, que é importante fazer o registro, mesmo com tanta dificuldade.O calo está exposto, latente e não adiante dizer que não dói. Mas a torcida continua. Há muita gente boa nessa luta que, inclusive, é contra os que, por causa de política, engajam-se na teoria do quanto pior, melhor. Para esses, resta a pena.