jul 23, 2015 ALPB, Política 1152
Em junho de 2013, a população brasileira foi às ruas com dois sentimentos: o de cobrança por serviços públicos mais dignos e em protesto aos gordos privilégios dos agentes do poder. Esse recado foi explicitamente dado, mas os políticos parecem ainda resistir ou não assimilaram direito.
Essa é a primeira impressão diante do movimento de deputados na Assembleia Legislativa pela ampliação do recesso do meio do ano, de 15 para 30 dias. A justificativa chega a ser surreal e a parecer um tapa na cara do cidadão. A idéia é oficializar a gazeta de 15 dias, por já ser pública e real.
Como os deputados não cumprem mesmo o que está posto e só voltam às atividades em prazo diferente do fixo no calendário legislativo, legaliza-se o deboche e pouco caso com as obrigações e deveres regulares. Assim, na lata, como se fosse algo extremamente coerente e natural?
Quer dizer que ao invés de moralização e adaptação ao calendário, o melhor caminho é escancarar de vez e esticar o período de férias de uma classe já detentora de regalias de fazer inveja e de uma realidade completamente diferente aos simples mortais trabalhadores e trabalhadoras?
Sinceramente, o discurso não combina com o recente saldo positivo da histórica produção da Casa. Um parlamento que está prestes a sacramentar o voto aberto – uma aspiração popular antiga – e que tem muitas tarefas e demandas para responder, não pode retroagir nesse aspecto, sob pena de o deslize ofuscar essa nova etapa.
Os novos tempos indicam e recomendam outra postura mais próxima dos anseios, desejos e expectativas de uma sociedade cada vez mais atenta, crítica e ciosa do seu poder e capacidade de pressão. E é nessa constatação que reside a esperança de um surto de bom senso e conseqüente recuo dos parlamentares.
Uma simples pergunta, esclarece muito: qual deputado ousaria no guia eleitoral passado ter prometido, efusiva e bravamente, como plataforma de campanha, se empenhar para reduzir a própria jornada de trabalho, se eleito fosse? Imagine: “Vou lutar para trabalhar menos”. Quem se atreveria? A resposta é uma bússola à reflexão.
Por Heron Cid – Do Jornal Correio da Paraíba
abr 26, 2024
abr 19, 2024
abr 18, 2024
abr 18, 2024