Christian Fittipaldi se emociona e lamenta morte do pai Wilson

fev 23, 2024 Destaque, Morte 421

Ex-piloto de F1 e irmão do bicampeão mundial Emerson Fittipaldi morreu nesta sexta-feira, aos 80 anos. Filho chora, relembra Copersucar-Fittipaldi e diz: “O que ele fez na década de 1970 era fora da realidade O esporte brasileiro se despediu nesta sexta-feira de Wilson Fittipaldi Jr, ex-piloto de F1 e fundador da Copersucar-Fittipaldi – única equipe brasileira […]

Christian Fittipaldi se emociona e lamenta morte do pai Wilson

Ex-piloto de F1 e irmão do bicampeão mundial Emerson Fittipaldi morreu nesta sexta-feira, aos 80 anos. Filho chora, relembra Copersucar-Fittipaldi e diz: “O que ele fez na década de 1970 era fora da realidade

O esporte brasileiro se despediu nesta sexta-feira de Wilson Fittipaldi Jr, ex-piloto de F1 e fundador da Copersucar-Fittipaldi – única equipe brasileira na história da categoria – , que morreu aos 80 anos. Além do legado para o esporte a motor, ele deixou o filho Christian Fittipaldi, que também passou pela elite do automobilismo europeu. Ele se emocionou ao falar sobre as lembranças que construiu com o pai.

– Claro que tinham momentos profissionais, afinal a família inteira sempre foi ligada diretamente ao automobilismo. Mas era um pai como qualquer outro. Quando eu fazia muita besteira, principalmente na escola, tomava muita bronca dele e bastante castigo. Mas é um pai. Muita gente fala que o pai era o ídolo, amigo, herói. Se perguntarem pra mim, “você perdeu algum deles?” Não, porque ele nunca foi nada disso pra mim. Ele foi o meu pai, e meu pai está acima de tudo isso. Vou sempre carregar comigo as lembranças de um pai – disse Christian à reportagem.

Pai e filho, Wilsinho e Christian disputaram três temporadas cada na F1. Após uma passagem de dois anos pela Brabham, em 1972 e 1973, o filho mais velho do “Barão” Wilson Fittipaldi se ausentou do grid em 1974 para seguir com o sonho de ter a equipe própria – e em uma época sem tantas facilidades tecnológicas.

– O que ele fez na década de 1970 era fora da realidade. Imagina? Ele construiu um carro de F1 em 1974 para 1975 no Brasil. Para vocês terem uma ideia, às vezes ele tinha que fazer pedidos de peças para a Inglaterra, que só eram fornecidas e fabricadas lá, via telex. Tenho certeza que a nova geração não tem nem ideia do que é uma máquina telex, imagina construir um carro de F1 numa situação dessas. Aí mostrou toda a seriedade, tenacidade dele, o sonho que em alguns sentidos se concretizou – completou.

A Copersucar-Fittipaldi estreou em 1975, tendo o próprio Wilsinho como piloto. Emerson Fittipaldi, Keke Rosberg, Chico Serra, Ingo Hoffmann, Arturo Merzario e Alex Dias Ribeiro também passaram pela equipe, que por fim fechou as portas em 1982 com dificuldades financeiras.

Hoje projetista da RBR, Adrian Newey foi outro nome a integrar o projeto brasileiro. No total, a Copersucar-Fittipaldi acumulou 44 pontos ao longo de 104 GPs, tendo como melhor resultado um histórico pódio no GP do Brasil de 1978.

– Tudo que ele fez na vida, ele… Ele sempre fez com muita excelência. Vou ser sincero, às vezes a gente só costuma ver o lado do mundo que está sempre florido, ninguém vê as dificuldades. E é claro que ele passou por dificuldades, também cometeu alguns erros, sem dúvida. Mas ele sempre esteve atrás, o que quer que ele estivesse produzindo – de um carro de F1 a formar uma fazenda de laranja, depois de gado -, em qualquer projeto da vida dele, colocar o máximo de excelência e perfeição – disse Christian.

O jovem Christian Fittipaldi brinca com o pai Wilsinho Fittipaldi durante etapa da Stock Car — Foto: Sergio Sanderson

Wilsinho passou dois meses internado após se engasgar com um pedaço de carne no almoço de Natal de 2023, mesmo dia em que completou 80 anos. Ele sofreu uma parada cardíaca e foi hospitalizado, sendo posteriormente entubado e sedado. Submetido a uma traqueostomia, o ex-piloto chegou a ser transferido no dia 16 de janeiro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para um quarto do hospital.

Emocionado, Christian relembrou a dor de receber a confirmação da morte nesta sexta-feira, mesmo em meio à extensão do quadro crítico.

– Tigrão, falar o quê? Chegou a hora de você tomar a quadriculada (em lágrimas). Vou falar o que? Não vou tapar o sol com a peneira. A situação dele estava fácil? Não, de jeito nenhum. Muito delicada, muito crítica desde o dia 25 de dezembro. Só que sempre tem uma esperança no fim do túnel. A gente lutou baseado nessa esperança até o final, e acabou não acontecendo. Te falo uma coisa: o mais difícil foi receber a notícia hoje de manhã. Apesar de já estar preparado. O doutor vir para você e falar que seu pai faleceu… é difícil. Afinal, pai é pai e você só tem um – finalizou.

Além do filho Christian, Wilson Fittipaldi Jr deixa a esposa Rita e o irmão Emerson, bicampeão mundial de F1. Ele também era tio de Emmo Fittipaldi e tio-avô de Pietro e Enzo Fittipaldi, estes piloto reserva da Haas na F1 e ex-piloto da Carlin na F2, respectivamente.

Wilsinho será velado e sepultado neste domingo, na cidade de São Paulo, em uma cerimônia para familiares e amigos. Antes, neste sábado, o corpo de Wilson Fittipaldi será levado para um cortejo no Autódromo de Interlagos, às 10h30; o acesso para o público é gratuito.

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