out 03, 2025 Destaque, João Pessoa, Vereadores 146
Sessão especial foi proposta pelo vereador Marcos Henriques (PT)
A Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) debateu, na manhã desta sexta-feira (3), a importância do Clube Cabo Branco para a memória de João Pessoa e os desafios que o clube enfrenta atualmente. A sessão foi proposta pelo vereador Marcos Henriques (PT) e secretariada pelo vereador Wamberto Ulysses (Republicanos).
“Preciso destacar a preocupação dos autores dessa sessão, além de mim, os vereadores Bosquinho (PV) e Raoni Mendes (DC). Ela foi pensada para podermos evidenciar a importância do Clube Cabo Branco. Estamos reunidos para debater um tema que toca a memória, a cultura, o esporte de nossa cidade. O Clube, que vai fazer 110 anos, é uma das mais antigas instituições sociais de João Pessoa, já é patrimônio material da cidade e um dos maiores clubes de futebol”, revelou.
De acordo com ele, a instituição nasceu como clube de futebol e depois se firmou com outras modalidades, além de abrigar o tradicional Baile de Carnaval Vermelho e Branco. “O Clube é parte da memória afetiva dos pessoenses. É um espaço que atravessou gerações e se confunde com boa parte da história de João Pessoa. Mas, hoje, enfrenta graves desafios, como disputa de patrimônio e risco financeiro, e ameaça fechar suas portas. Perder esse espaço histórico será uma perda irreparável, que vai silenciar uma parte da história de João Pessoa”, asseverou.
Marcos Henriques defendeu que para preservar o Clube é preciso espantar os litígios, más gestões e interesse alheio. “O Cabo Branco é mais do paredes, é uma lembrança viva que faz parte da nossa cidade. Vamos envolver a opinião pública para discutir o tema com seriedade, e trazer para o poder público legislativo essa discussão, em busca de uma solução. A Câmara cumpre seu papel de zelar pela história e o patrimônio da cidade, além de herança para futuras gerações. O Clube Cabo Branco é João Pessoa em sua forma mais viva e afetiva, é parte essencial de nossa vida coletiva”, finalizou.
O vereador Raoni Mendes afirmou que o Clube Cabo Branco foi o lugar no qual viveu intensamente sua infância e juventude, e que defender o equipamento é, além de defender um patrimônio histórico e cultural, defender as memórias afetivas da cidade. O parlamentar afirmou que vai apresentar Projeto de Lei para transformar o Esporte Clube Cabo Branco em Patrimônio Cultural e Histórico de João Pessoa, como contribuição desta sessão especial. “Puxar o debate da importância do Clube para esta Casa abre um leque na defesa do Patrimônio Histórico e Cultural do Clube, sem falar da parte esportiva. Nesta Casa passam leis de macrozoneamento, vamos fazer um esforço para proteger o clube”, garantiu.
O vereador Bosquinho ressaltou que construiu sua infância no Clube. “Passa um filme na minha memória, das matinês e das partidas esportivas. Vejo esportes praticados, assustados (festas dançantes) e o restaurante, que continuam fazendo parte da história da cidade, uma história tão rica. Os conselheiros conseguiram enxugar o clube e quitaram as dívidas trabalhistas, mas, continua com dificuldades. Hoje, luta com um imbróglio jurídico e de pessoas que querem dilapidar. Ele é parte de nossa história. Estaremos aqui à disposição para publicizar essa situação de litígio. Estamos de portas abertas para cuidar de nossa cultura e de nossa história”, afirmou.
Já o vereador Milanez Neto (MDB) resgatou: “Foi no Cabo Branco que se decidiu a vida política do estado. Aquele Clube norteou o rumo do estado, por décadas. Não se tinha um carnaval que não se iniciasse lá, e nem esporte que não fosse feito no Clube”. Ele ainda comentou: “Já tivemos grandes perdas, como a sede social, do Centro, e hoje estamos assistindo à sede principal, do Miramar, ser vendida para que a construção civil do estado, de forma predadora, destrua uma história, um patrimônio da Paraíba, uma história nossa, que precisa ser respeitada”.
Líder do Governo, o vereador Odon Bezerra (PSB) afirmou ter passado por uma experiência semelhante com o Clube Astréa: “Fui da diretoria do Astréa e o salvamos de três leilões. Hoje, o Astréa não deve nada a ninguém, e isso é fruto de um trabalho árduo. Estamos em negociação para fazer ali uma vila olímpica, em parceria com a Prefeitura Municipal de João Pessoa”. Quanto ao Clube Cabo Branco, Odon Bezerra propôs: “Me proponho a assinar, junto com os vereadores que desejarem, a mudança de zoneamento, porque já vai inibir a especulação imobiliária. Precisamos conversar com o judiciário e avaliar se o Clube não poderia ter uma isenção do pagamento antecipado das custas. Estou à disposição e coloco também o meu escritório de advocacia à disposição para ajudar”.
O vereador Wamberto Ulysses (Republicanos) ressaltou que a defesa do Clube Cabo Branco é um debate importante, que contribui com a preservação do patrimônio da cidade. “Vamos defender um clube que sempre frequentei em jantares dançantes com meus pais, e hoje continuo frequentando com meus filhos, que treinam lá. O Cabo Branco é uma parte importante das nossas memórias. Precisamos discutir ideias para reverter a situação do clube. Sugiro a criação de uma comissão para visitarmos o Ministério Público, o Tribunal de Justiça e até mesmo o cartório da cidade de Caaporã, onde alegam ter lavrado a compra. Fechar o Clube Cabo Branco é passar uma borracha em nosso passado e quebrar a ponta do lápis que escreveria a história das futuras gerações”, declarou.
O vereador Mô Lima (PP) destacou que grandes nomes da cultura e do esporte passaram pelo Clube Cabo Branco, como seu próprio pai, Pinto do Acordeon, e o campeão olímpico de natação Kaio Márcio. “Sabemos que vocês estão na luta para que essa dívida possa ser sanada. O que não pode é uma empresa vir de fora e achar que vai pegar o que nos pertence. É um patrimônio que não podemos perder, pertence ao pessoense. Não é um clube parado, está em atividade, alimenta vários músicos da cidade com o assustado, com o forró de Chico Forrozado. A população tem que se unir e dizer que o clube é nosso”, enfatizou o parlamentar.
“Fui atleta de futsal do professor União. Meu avô Damásio Franca chegou a ser presidente seis vezes do Clube Cabo Branco, assim como meu tio Roberto Franca. É um local do qual a gente tem muito orgulho. Hoje, minha filha faz ginástica lá, junto com a filha do vereador Tarcísio Jardim. Estou lá toda semana e, quando entro, tenho recordações boas, chega a emocionar. São histórias que marcaram a nossa vida, assim como marcaram a de muitos. Então, um momento como este é importante para a gente mostrar o reconhecimento do clube e mostrar que João Pessoa, a Câmara Municipal, está unida”, declarou o vereador Damásio Franca, disponibilizando seu mandato e a CMJP nesta causa.
O ex-vereador e secretário de Esportes de João Pessoa, Zezinho Botafogo, engrandeceu o zelo da juventude que apoia o Clube: “Esses garotos já dedicaram muito tempo pela sobrevivência do Cabo Branco. Se ainda está assim, é por causa da luta desses jovens. É uma juventude que vai conseguir manter essa história, vai conseguir manter o Cabo Branco. No que estiver ao meu alcance, gostaria de dizer que me somo a essa luta”.
O advogado do Clube Cabo Branco, Pedro Nóbrega, explicou que o Clube passa por uma recuperação judicial iniciada desde 2015, com a gestão de Gilberto Rui, e que, em oito anos, já diminuiu em 79,4% o déficit total do clube. “Foi um trabalho hercúleo para chegar em 2025 com uma ameaça de colapso integral, de fecharmos as portas, por um equívoco grave em desfavor do Clube. O que precisamos é que as outras forças sejam ouvidas. Ministério Público, Iphaep, Prefeitura, CMJP, todos têm sido uníssonos em dizer que o clube está sendo atacado severamente por um poder especulativo financeiro muito forte. Esse reequilíbrio de forças paro clube é fundamental”, destacou o advogado, salientando que atualmente o clube tem um fluxo de 4.700 pessoas por mês e que o sumiço da escritura pública compromete a legalidade da venda do imóvel.
“Precisamos defender o patrimônio do Clube de uma venda com indícios de fraude, uma venda que possivelmente não ocorreu, que foi registrada em um cartório de um município vizinho, onde não se encontra a escritura. Alegam que pagaram R$ 7 milhões, mas o clube observa na contabilidade R$ 300 mil. Pedimos que o clube seja ouvido pela população e pelo poder público para que se reverbere e colabore com a nossa voz. Precisamos ser ouvidos pelo Tribunal de Justiça para nos defendermos em um órgão colegiado, já que sofremos com decisões monocráticas. Que essa denúncia seja reverberada para toda a cidade, em defesa do patrimônio material (prédio sede) e imaterial (lembranças da cidade)”, ensejou José Lucas, que também é advogado do Clube.
Vice-presidente do Clube Cabo Branco, Gilberto Ruy destacou: “O Clube faz parte da história da cidade, do estado e do Brasil. Acho que todos aqui têm essa identificação com o Cabo Branco”. Filho de José Rui Falcão Coelho, considerado um dos melhores jogadores de futsal atuando pelo Clube, ele relatou que seu pai, pouco antes de falecer, o incumbiu da missão de cuidar da família e do Cabo Branco: “Então, o Cabo Branco também faz parte da minha história”. Gilberto contou que a história do Clube teve o seu auge, mas também conta com um período em que precisou ser socorrido: “O Clube era deficitário mensalmente em cerca de R$ 30 mil, e, em um ano a gestão da qual faço parte, conseguiu equilibrar isso. A gente conseguiu fazer 64 acordos trabalhistas nesses anos. Em 2012, teve essa suposta venda e estamos brigando até agora”.
Alguns cidadãos presentes, como o radialista Orlando Camboim, o ex-vereador Tavinho Santos e o ex-presidente da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal na Paraíba (Aspecef-PB), fizeram questão de dar seus testemunhos sobre a importância do Clube Cabo Branco em suas vidas e no cotidiano de toda cidade, além de parabenizar a Câmara por encampar a luta por uma parte do patrimônio material e imaterial de João Pessoa.
Encaminhamentos
O vereador Marcos Henriques elencou os encaminhamentos da sessão: a apresentação do Projeto de Lei reconhecendo como patrimônio histórico e cultural de João Pessoa o Esporte Clube Cabo Branco, de autoria do vereador Raoni Mendes e subscrito pelos vereadores Marcos Henriques, Bosquinho, Wamberto Ulysses, Odon Bezerra, Damásio Franca, Mô Lima e Milanez Neto; a realização de visita ao Ministério Público e ao Tribunal de Justiça para discutir o assunto; a proposta de mudança do Plano Diretor para que não se construa na região do Clube Cabo Branco; a abertura de diálogo com a Prefeitura da Capital; e a sugestão de isenção do pagamento antecipado das custas processuais, que vai ser tratada em visita ao Tribunal de Justiça.
“Cumprimos, hoje, uma etapa importante no sentido de publicizar o que está acontecendo, porque a responsabilidade pelo Clube não é só dos conselheiros, do presidente, dos advogados, é da cidade. Esta Casa, de maneira compartilhada, entende esse momento, e nós vamos defender o clube, não só com essas propostas apresentadas. A Casa vai estar de portas abertas para defender cada vez mais o Clube Cabo Branco”, garantiu Marcos Henriques.
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