dez 23, 2015 Destaque, Polícia 1037
UTC doou R$ 5 mi a partidos para que Pessoa não falasse à CPI, diz delator Doações foram para DEM, PR, PMN e PRTB, segundo Walmir Pinheiro. Gim Argello ordenou repasse para blindar ex-presidente da empresa, disse. O ex-diretor financeiro da UTC Engenharia Walmir Pinheiro Santana, um dos delatores do esquema de corrupção investigado pela […]
UTC doou R$ 5 mi a partidos para que Pessoa não falasse à CPI, diz delator
Doações foram para DEM, PR, PMN e PRTB, segundo Walmir Pinheiro. Gim Argello ordenou repasse para blindar ex-presidente da empresa, disse.
O ex-diretor financeiro da UTC Engenharia Walmir Pinheiro Santana, um dos delatores do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, relatou em depoimento à Procuradoria Geral da República um suposto acordo firmado em 2014 entre o dono da empresa, Ricardo Pessoa, e o ex-senador Gim Argello (PTB-DF).
Pelo acordo, Pessoa não seria chamado a depor na CPI mista da Petrobras, que à época tinha Argello como vice-presidente, e, em contrapartida, o empresário repassaria recursos a pessoas indicadas pelo então senador.
A CPI mista da Petrobras encerrou os trabalhos em 18 de dezembro do ano passado e não votou nenhum requerimento para ouvir Ricardo Pessoa.
Segundo a delação de Walmir Pinheiro, a UTC repassou R$ 5 milhões a quatro partidos a pedido de Gim Argello. O acordo, segundo o delator, seria “um tipo de blindagem” a Ricardo Pessoa.
“No início do mês de julho de 2014, Ricardo Pessoa se aproximou do declarante [Walmir Pinheiro] e afirmou ter chegado a um acordo com Gim Argello no sentido de que ele, Ricardo Pessoa, fosse blindado em relação a CPI; que, em contrapartida, teriam que fazer doações no valor de R$ 5 milhões a pessoas que Gim Argello indicaria”, diz o termo de delação premiada.
Walmir Pinheiro afirma em seu depoimento que a UTC repassou R$ 1,7 milhão ao DEM; R$ 1 milhão ao PR; R$ 1,15 milhão ao PMN e R$ 1,15 milhão ao PRTB em forma de doação eleitoral.
De acordo com Walmir Pinheiro, os pagamentos foram feitos em parcelas, seguindo orientação de um intermediário de Gim Argello.
Procurado pela reportagem, Gim Argello negou ter recebido doações para blindar Pessoa.
“Eu não conheço este senhor Walmir Pinheiro e, pelo que já li na imprensa, o Pessoa já doou mais de R$ 50 milhões a campanhas. Agora, para mim, ele não doou. Ninguém me procurou para blindar este empresário e, tanto o Pessoa quanto a empresa dele, foram indiciados no relatório. Na CPI, de fato nós não o convocamos, assim como não convocamos nenhum empresário. Mas todos foram indiciados”, disse.
Ao G1, o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), negou que o partido tenha recebido qualquer valor. “Eu, como presidente do partido, nego veemente esta acusação. Não há o menor fundamento”, disse Agripino, que era suplente do colegiado em 2014.
O G1 entrou em contato com o PR, o PMN e o PRTB e não havia obtido resposta até a última atualização desta reportagem.
O acordo
Segundo a delação do ex-diretor da UTC, à época da instação da CPI mista da Petrobras “existiam umas afirmações de que Ricardo Pessoa seria chamado para ser ouvido”. Ele diz, então, que o dono da empreiteira passou a procurar integrantes do colegiado “e chegou a Gim Argello”.
“Gim Argello tinha uma certa influência sobre Vital do Rêgo, o presidente da CPMI; que Ricardo Pessoa reuniu-se algumas vezes com Gim Argello; […] que sabe, todavia, que ficou acertado entre Ricardo Pessoa e Gim Argello que tal senador atuaria no sentido de que ele, Ricardo Pessoa, não fosse chamado a depor na CPMI”, diz a delação.
“[Pinheiro] não tem conhecimento se outras empresas tambem pagaram a Gim Argello para evitar o chamamento de empresários perante a CPI ou CPMI da Petrobras em 2014; que, ao que o declarante tem conhecimento, sequer houve requerimento para que Ricardo Pessoa viesse a depor perante tais comissões de inquérito”, relata outro trecho.
Ricardo Pessoa
Dono da empreiteira UTC Engenharia, Ricardo Pessoa foi preso pela Polícia Federal na 7ª fase da Operação Lava Jato, em novembro do ano passado.
Ele é um dos empreiteiros investigados pela Operação Lava Jato que fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal em troca de uma possível redução de pena. Pessoa é citado por outros delatores como o chefe do “Clube das Empreiteiras”, espécie de grupo formado por empresas que combinavam resultados de licitações e como iriam atuar no esquema de corrupção na Petrobras.
Lucas Salomão e Filipe MatosoDo G1, em Brasília
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