jul 27, 2015 Destaque, Política 1311
“[Eu] deixava lá o pacote, ou a caixa, ou a sacola, a caixa de uísque [com o dinheiro desviado], depois ele [Vital do Rêgo] fazia toda a repartição e resolvia seus problemas de campanhaRennan Fariasex-diretor da Secretaria de Finanças da Prefeitura de Campina Grande (PB) O ex-tesoureiro da Prefeitura de Campina Grande (PB) Rennan Farias […]
“[Eu] deixava lá o pacote, ou a caixa, ou a sacola, a caixa de uísque [com o dinheiro desviado], depois ele [Vital do Rêgo] fazia toda a repartição e resolvia seus problemas de campanhaRennan Fariasex-diretor da Secretaria de Finanças da Prefeitura de Campina Grande (PB)
O ex-tesoureiro da Prefeitura de Campina Grande (PB) Rennan Farias afirmou à Folha que, em 2010, entregou dinheiro em espécie ao então candidato ao Senado Vital do Rêgo (PMDB-PB), hoje ministro do TCU (Tribunal de Contas da União). A verba foi desviada, disse, de um contrato de R$ 10,3 milhões da prefeitura com uma empreiteira que não executou os serviços.
Farias, que gravou um vídeo para a TV Folha com a acusação, disse que também fez entregas ao irmão do ministro, o deputado federal VenezianoVital do Rêgo (PMDB-PB), e a firmas que atuavam nas campanhas da família.
Em 2010, o ministro do TCU foi eleito senador pelo PMDB-PB. Veneziano era prefeito de Campina Grande. Eles negam as acusações (leia na pág. A5).
No TCU, Vital será um dos nove ministros a analisar as contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff. Ele é ligado ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). A análise é vista pela oposição como possível via para um processo de impeachment.
Farias trabalhou nas duas gestões de Veneziano (2005-2012) em Campina Grande. Diretor financeiro da Secretaria de Finanças, cuidava do fluxo de caixa do município.
Na segunda gestão, eles romperam. Segundo Farias, isso ocorreu porque osVital do Rêgo deixaram de reconhecer as dívidas que ele contraía com agiotas para financiar as campanhas do grupo. O ex-tesoureiro disse que “perdeu tudo” para quitar os compromissos e ainda deve cerca de R$ 1 milhão.
Farias disse que foi ameaçado de morte pelos agiotas e tentou se suicidar, tendo sido salvo por um amigo. Passou a frequentar uma igreja evangélica e decidiu que deveria tirar o “peso da consciência”.
“Eu participei e eu também devo e mereço receber a minha sentença para que eu possa, arrependido desses erros, buscar sair dessa prisão de consciência”, disse.
O ex-tesoureiro contou ter feito as entregas de dinheiro “diretamente no apartamento” do hoje ministro do TCU, no bairro da Prata, em Campina Grande: “[Eu] deixava lá o pacote, ou a caixa, ou a sacola, a caixa de uísque [com dinheiro], depois ele fazia toda a repartição, a divisão, e resolvia seus problemas de campanha”, disse.
Farias afirma que assinou cheques no esquema e estima os desvios em em pelo menos R$ 4 milhões. A Folha obteve cópias de documentos que comprovam as assinaturas dele no processo de liberação de verba da prefeitura.
O esquema, disse, funcionou da seguinte forma: a prefeitura assinou contrato com uma empreiteira chamada JGR, que previa genericamente obras “em diversas ruas de diversos bairros” da cidade.
A JGR, diz, só tinha uma secretária e não realizou os serviços. Os cheques da prefeitura eram repassados a outras firmas, Compecc e Contérmica, sediadas em João Pessoa. Essas sacavam o dinheiro e repassavam a Farias para ser entregue aos políticos da família Vital do Rêgo.
Além dos desvios da prefeitura, Farias disse ter levantado cerca de R$ 10 milhões junto a agiotas para as campanhas dos Vital do Rêgo. E falou da existência de um “mensalinho” na Câmara Municipal de Campina Grande.
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