nov 04, 2024 Destaque, Morte 67
Ambulância teria demorado para prestar socorro ao artista, que sofreu uma queda em sua casa, em São Paulo
Morreu nesta segunda-feira (4), aos 86 anos, o cantor Agnaldo Rayol. Segundo informações preliminares, ele teria sofrido uma queda em sua casa, no bairro de Santana, Zona Norte de São Paulo. De acordo com a CBN, foi levado ao Hospital HSanp, também no bairro de Santana, com um corte na cabeça, durante a madrugada.
O carioca começou muito cedo na música. Aos 8 anos, já cantava na Rádio Nacional, do Rio de Janeiro. Ganhou projeção, no entanto, já adulto, a partir do fim dos anos 1950, com uma voz barítono, potente, de estilo operístico. Gravou seu primeiro disco, “Agnaldo Rayol”, em 1958, pela gravadora Copacabana.
O cantor teve uma carreira expressiva no cinema, na famosa produtora Atlântida. Fez sua estreia em 1949, no filme “Também somos irmãos”, que tinha Grande Otelo no elenco e direção de José Carlos Burle. O filme é considerado um dos marcos inaugurais da discussão do racismo no cinema brasileiro. Na história, um homem que não pode ter filhos adota duas crianças brancas e duas negras. À medida que elas vão crescendo, as dificuldades sociais impostas aos negros vão se acentuando.
Depois, houve uma sequência de longas, muitos deles se apresentando em números musicais, como em “Garota enxuta” (1959) e “Jeca Tatu” (1959).
Viveu seu auge nos anos 1960, comandando seus próprios programas de TV como “Agnaldo e as garotas”, na TV Continental, “São Paulo meu amor”, “Agnaldo Rayol show” e o “Corte Rayol Show”, estes três na TV Record. Estava também entre as atrações da primeira edição do lendário programa Jovem Guarda. Em 1969, ele protagonizou o filme “Agnaldo: perigo à vista”.
Agnaldo gravou cerca de 30 álbuns, entre LPs e CDs. Um deles foi “As minhas preferidas – na voz de Agnaldo Rayol – presidente Costa e Silva”, em 1968, com as canções favoritas do segundo presidente da ditadura militar.
Em 1999, virou novamente sensação ao cantar o tema de abertura da novela da TV Globo “Terra nostra”, de Benedito Ruy Barbosa. Junto com a cantora Charlotte Church, uma soprano inglesa que, na época, tinha apenas 13 anos e milhões de discos vendidos, ele entoou, em italiano, os versos de “Tormento d’amore”. A canção foi composta por Marcelo Barbosa, filho do autor da novela.
O sucesso da música foi tanto que ele lançou, no fim do mesmo ano, um álbum só interpretando músicas em italiano.
“Minha mãe é italiana, e cresci ouvindo essas canções”, disse ele ao GLOBO em 1999. “Na primeira vez em que me apresentei ao vivo, na Rádio Nacional, foi cantando ‘Matinatta'”.
A última participação de Agnaldo na TV como ator foi em 2017 na série “Mister Brau”, protagonizada por Lázaro Ramos e Taís Araújo. Ele interpretou o apresentador Tom Bob.
“Foi um prazer enorme. Fiquei muito feliz de estar ao lado de pessoas que eu admiro tanto e de um programa que eu já acompanho desde o começo. Fui muito bem tratado e dirigido. Foi um momento que eu vou guardar para sempre no meu coração, como a gente guarda uma joia em uma caixinha”, disse ele, na época.
O último CD e DVD do músico foi “Agnaldo Rayol e Amigos ao vivo em alto-mar”, uma coletânea que teve a participação de Jerry Adriani, Simoninha, Angela Maria e outros, gravada em 2013.
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