maio 03, 2017 Deputados Federais, Destaque 1189
Os políticos paraibanos que estão engajados no “desmonte” da bancada federal em Brasília estão protagonizando um péssimo exemplo, que obviamente terá consequências negativas para o Estado. O impasse está na coordenação da bancada na Câmara, que em tese também representa os senadores. Há um movimento para destituir o deputado Benjamin Maranhão e substituí-lo por Wilson […]
Os políticos paraibanos que estão engajados no “desmonte” da bancada federal em Brasília estão protagonizando um péssimo exemplo, que obviamente terá consequências negativas para o Estado. O impasse está na coordenação da bancada na Câmara, que em tese também representa os senadores. Há um movimento para destituir o deputado Benjamin Maranhão e substituí-lo por Wilson Filho, que já ocupou o posto. Como acontece em articulações desse jaez, deu-se o confronto entre senadores e deputados. Passou-se a falar na escolha de dois coordenadores – um para dirigir dois senadores, outro para dirigir 11 deputados.
Convenhamos: não é uma solução salomônica. É uma fórmula para achincalhar a figura do coordenador de bancada, enfraquecer os seus poderes, afetar sua credibilidade junto a ministérios e escalões de poder em Brasília. Uma prática que não é estranha à política paraibana. Está enraizada no inconsciente dos parlamentares, com raras exceções, uma certa visão provinciana sobre a forma de atuar na Capital federal, que em tese é o centro das decisões. Ou do poder, por excelência. Diz o deputado Benjamin que o posto de coordenador de bancada, em si, não rende dividendos eleitorais. Os tais dividendos eleitorais – ou seja, votos na urna – viriam como decorrência da produtividade das bancadas no sentido de carrear benefícios e investimentos para a população paraibana.
Se não rende dividendos eleitorais por si só, o cargo de coordenador facilita até demais o trânsito de políticos pelos escalões decisórios na Capital federal. Ele é uma espécie de porta-voz de uma bancada. Claro que a nossa bancada, numericamente, não chega a ser expressiva como a de outros Estados realmente influentes, a exemplo de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Mas se houvesse uma frente ampla das bancadas de Estados nordestinos, o confronto Norte versus Sul talvez se tornasse menos desequilibrado ou desigual. Na conjuntura que está posta, é evidente que o Nordeste leva ampla desvantagem na conquista de empreendimentos. Não é de agora que se fala na ausência de projetos estruturantes para beneficiar o nosso Estado. No próprio governo de Dilma Rousseff, tão bem acolhida pelo governador Ricardo Coutinho, nos ressentíamos dos tais programas estruturantes, de infraestrutura.
Perdemos, por exemplo, a batalha dos royalties do petróleo – e olhem que não faltou empenho do então senador Vital do Rêgo, pilhado em embates frequentes com um paraibano que legislava contra a Paraíba, o senador Lindbergh Farias, que defende os interesses do Estado do Rio, onde mantém domicílio e atuação eleitoral. Na questão da divisão com Estados e municípios da repatriação de valores que estavam no exterior, a Paraíba safou-se graças a uma intervenção veemente e lúcida do governador Ricardo Coutinho, que deu um mote a governadores de outros Estados. Foi uma espécie de ovo de Colombo. Até então, ninguém cuidava da hipótese de que a repatriação de valores desviados do erário pudesse servir para beneficiar Estados e municípios asfixiados com a corda no pescoço. O governador paraibano Ricardo Coutinho teve acuidade para tanto.
É fundamental reiterar que, desunida, a bancada federal paraibana não vai estritamente a lugar nenhum. Ou, então, vai. Mas vai para o despenhadeiro, não para o porto seguro. O Estado, que tem sido duramente penalizado nas últimas décadas, não sai do lugar em termos de crescimento gigantesco, registrando vitórias pontuais, específicas, não propriamente um surto generalizado que beneficie, colateralmente, toda a população. Se ainda por cima, por causa de fogueira de vaidades, os nossos senadores e deputados não se entendem, a solução é entrar na igreja, rezar. E pedir encarecidamente pela Paraíba, que não merece tanta desatenção, tanto preconceito.
Nonato Guedes
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