nov 05, 2025 Destaque, João Pessoa, Vereadores 94
Representante da Rede de Postos São Luiz respondeu a questionamentos dos parlamentares presentes

O primeiro representante de postos de combustíveis compareceu, na manhã desta quarta-feira (5), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) para investigar suposta prática de cartelização entre os postos. O diretor administrativo da Rede de Postos São Luiz, Patrick Michel, respondeu aos questionamentos dos parlamentares sobre precificação e concorrência.
Ao vereador Valdir Trindade (Republicanos), Patrick Michel respondeu sobre a morosidade no repasse de reajuste de preços quando o valor é diminuído na fonte. “Essa percepção [de demora] que o consumidor tem é clara, porém não funciona dessa forma. Na última redução da Petrobrás, foi anunciado 14 centavos. Segundo especialistas, desses 14, iam chegar para distribuição 9 centavos, e os postos só receberam 3 centavos de redução. A prática de preço da Rede São Luiz é competitividade. Todos os dias os gerentes dos postos fazem pesquisas de mercado e passam para mim. Somos uma commodity, o que vende é o preço. Não tem como me distanciar, em preço, da concorrência. Com essa última redução, o mercado de João Pessoa caiu 9 a 10 centavos, os meus postos reduziram. Tivemos uma perda de margem, porque fui competitivo, como é a política da Rede”, afirmou.
Ainda respondendo ao vereador Valdir Trindade, o diretor afirmou não ser saudável o pareamento de preços e atribui isso à obrigatoriedade de publicidade de placas nos postos. “Muitas vezes nossas empresas até são prejudicadas com essa obrigatoriedade de publicidade de placa. Às vezes vou vender tendo prejuízo porque vou ser competitivo com o mercado e, como tenho que ter meu preço lá na placa, me diferencio de farmácia, mercado, açougue. O cliente, muito antes de entrar no meu estabelecimento, já sabe qual é meu preço e às vezes nem para. Então, não tem como diferenciar o meu serviço, não me dá opção de ofertar um bom serviço. Diferente de um supermercado, farmácia, que entro, sou recepcionado e depois vou procurar o preço. Essa prática de ser obrigatória a publicidade do preço é que faz com que o mercado fique tão competitivo como é”, declarou.
Ao vereador Guguinha Moov Jampa (PSD), Patrick Michel respondeu que a rede de postos acompanhou o aumento de R$ 0,40 no preço da gasolina, em agosto. “A competitividade é tanto para cima quanto para baixo, faço pesquisas de mini mercado e baseio meu preço, da minha rede, pela concorrência. Tenho postos em situações diferentes, com diferenças de 3 ou 4 centavos hoje, em João Pessoa, que é o que o mercado me permite. Na época dos 40 centavos, fizemos uma pesquisa de mercado, vimos que ele tinha subido e acompanhamos o mercado. A política de preços da Rede São Luiz é ser competitivo para cima e para baixo”, afirmou o diretor administrativo, salientando que o aumento na sua rede não aconteceu no mesmo dia.
A vereadora Jailma Carvalho (PSB) perguntou o motivo do aumento de R$ 0,40, já que ele poderia ser mais competitivo aumentando R$ 0,20 ou R$ 0,30 e, assim, vendendo mais por ter o preço mais em conta do que a concorrência. “Os preços nas companhias variam diariamente. Diariamente existe negociação de preço para cima e para baixo. Quando falo em competitividade não é ser o mais barato, entendo que vou vender mais, porém o mercado não permite, como eu não permito meu concorrente vender mais barato do que eu. Se tem um posto a 1km e ele baixar três centavos, ele tira volume da minha venda, consequentemente vou perder volume e vou perder margem. Às vezes a gente abre mão de preço para manter volume”, afirmou o Patrick, salientando que a rede tem meses de perdas, que precisam ser compensadas em outros meses. “Esses 40 centavos foi para construir margem destruída ao longo do tempo”, justificou.
O presidente da comissão, Mikika Leitão (Republicanos), perguntou qual a política da rede quando a concorrência diminui os valores. “Se seu vizinho diminui o preço, sua atitude é baixar mais do que ele ou deixar igual?”, questionou Mikika Leitão. O diretor respondeu: “Ou deixo igual ou com uma diferença que permita entender que meu posto é melhor do que o dele. Mas, mais baixo, não. Se eu fizer mais baixo, sei que ele vai abaixar também e aí entra numa guerra, começo a perder volume, perder margem e não equilibra financeiramente”.
Fábio Lopes (PL) questionou se os R$ 0,40 aumentados foram devido à recomposição de custos ou resultado da pesquisa de preço da rede. “Aumentei porque fiz pesquisa de preço. Não aumentei menos, porque essa foi uma oportunidade de construir margem que já tinha perdido lá atrás”, respondeu.
Quando questionado pelo vereador Guguinha Moov Jampa sobre o motivo da redução do valor após a instalação da CPI, Patrick Michel atribuiu à competitividade. “Quando fizemos a pesquisa de mercado e vimos que alguns postos tinham subido 40 centavos, fomos recompor margem e aumentamos 40 centavos. Quando vimos que os postos reduziram, a gente também reduziu, porque senão não vende. Se, na época, não tivesse subido os preços, os postos iam baixar, porque é uma commodity e o que vende é o preço. O que faz o cliente parar no posto é ele ver a placa de preço e entrar”, explicou.
Sobre pressão externa, o diretor administrativo respondeu a Fábio Lopes que não existe esse tipo de pressão, mas há dificuldades com burocracias. “Os postos de combustíveis são muito fiscalizados, isso por uma parte é bom, mas a gente também sofre dificuldades em resolver. Às vezes aparece uma novidade que você praticamente tem que parar o posto para poder operacionalizar. Sem contar que todo serviço para posto é mais caro, inflacionado”, afirmou, salientando que, quando um item de fiscalização é adicionado, às vezes não há prazo para adaptação à nova normatização.
Respondendo a Mikika Leitão e Tarcísio Jardim, Patrick Michel respondeu que sua rede tem dez postos, com vários perfis, e que em todos há a obrigação da emissão de cupom fiscal. “Existe uma automação em todos os postos da Paraíba que, na hora que a bomba termina o abastecimento, a bomba comunica ao computador quanto abasteceu e essa informação já vai para o Sefaz. Então, mesmo que o cliente não leve a nota fiscal, a gente tira e joga no lixo”, declarou.
Quando perguntado pelo vereador Tarcísio Jardim se o Governo Federal é o maior responsável pelo preço do combustível que a sociedade paga, Patrick respondeu que sim. “É a maior fatia de impostos, e o posto não tem o que fazer, porque é na fonte, a gente já compra com imposto”, afirmou o representante da Rede São Luiz.
Patrick Michel destacou que a exposição dos preços é um grande fator de acirramento do setor. “Qualquer modificação de mercado com valor para baixo, amanhã tá todo mundo baixo. Observem, se algum posto bem localizado faz uma estratégia de baixar, não tem como ficar o mesmo preço, seu cliente vai embora. É uma commodity, como café, só que é muito mais sensível, porque tem o preço divulgado na placa. Se a gente não tivesse essa obrigatoriedade de colocar o preço na placa, talvez não encontrasse essa competitividade tão acirrada. Você ia ter que entrar no meu posto para perguntar o meu preço e eu ia te atender bem, daí você ia ficar no meu posto pelo meu atendimento e não pelo meu preço”, afirmou.
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