jul 28, 2025 Destaque, Política 267
A política da Paraíba é, efetivamente, muito dinâmica. Em três ou quatro dias uma aparente sólida unidade da oposição praticamente se dissolve.

A política da Paraíba é, efetivamente, muito dinâmica. Em três ou quatro dias uma aparente sólida unidade da oposição praticamente se dissolve. A semana começa na segunda-feira com o senador Efraim Morais reservando ao ex-de pautado Pedro Cunha Lima o subalterno posto da candidatura a vice-governador e termina com a ex-primeira-dama do país, Michelle Bolsonaro, declarando apoio do PL bolsonarista à sua candidatura a governador.
Parece nada demais,
Efraim já se dizia candidato. Mas não é bem assim. O novo movimento deixou de fora o restante de oposição. Houve reação divergente do ex-deputado Pedro Cunha Lima e do senador Veneziano Vital do Rego e não havia nenhuma outra liderança oposicionista nos atos. O movimento é exclusivamente de Efraim e da família, que passaram do meio apoio público à adesão total ao bolsonarismo.
Por que Efraim optou pelo
PL, o partido bolsonarista?
Nos discursos durante o ato de anúncio do PL, com a presença de Michelle Bolsonaro, alguns oradores destacaram os ideais conservadores como guia condutor, mas talvez razões puramente políticas tenham se sobreposto.
Fatos e declarações permitem uma leitura das possíveis intenções e propósitos.
Intenções e propósitos
Quais seriam, então, os propósitos de Efraim? Ser candidato a governador evidentemente. Está no meio mandato e não perde nada, retornará ao Senado se não for eleito. A campanha ajuda a manter o nome em evidência. O mandato de 8 anos de senador gera sempre o risco de distanciamento das bases eleitorais. Existe uma análise em família segundo a qual o senador Efraim pai não teria conseguido se reeleger em 2010 em virtude de ter se distanciado da Paraíba se envolvendo com a relatoria de CPI do fim do mundo (contra o governo Lula). A campanha de 2026 pode servir de propaganda para 2030, mas pode também ser exitosa logo agora.
Outro propósito claro de
Efraim é cavar a possibilidade de eleição do irmão George Morais para a Câmara dos Deputados. Aqui existe também um plano de família. George Morais foi lançado candidato a deputado estadual quando Efraim Filho arriscava seu mandato em Brasília. O mandato de George ampararia a família em caso de derrota na disputa para o Senado. O deslocamento da candidatura do ex-ministro Marcelo Queiroga para o Senado e o retorno da candidatura de Cabo Gilberto a deputado federal confirmam o plano para beneficiar George. O partido precisará das duas candidaturas para tentar reconquistar duas vagas na Câmara.
Do ponto de vista partidário, o caminho mais rápido para definir candidatura seria movimento do PL. Efraim quer pressa. Planeja partir na frente. Imagina repetir a estratégia da campanha para senador em 2022. Além disso, de todos partidos da direita, o PL parece ser aquele que oferece mais chances de Efraim assumir o controle no decorrer do tempo, especialmente por ser detentor do mandato de senador.
Por que não a filiação?
Por que, neste caso, Efraim recebe apenas apoio e não anuncia logo filiação ao PL?
Existiriam ao menos três razões.
A primeira é a de que ele cultiva alguma esperança de ganhar a coordenação da Federação União Progressista (UP) na Paraíba, embora esse movimento de aproximação com o PL seja um sinal ao contrário, sinalização que estaria jogando a toalha.
Outra razão é que Efraim é líder do União Brasil no Senado, condição que lhe confere o privilégio de uso da tribuna, participação nas negociações de definições da pauta e encaminhamento de soluções de projetos no Senado, acesso à imprensa nacional, sem falar de direito a mais gabinetes, mais assessores e carros.
Governabilidade e cargos
Outro motivo: no União Brasil, Efraim Filho também participou de acordo para garantir governabilidade ao presidente Lula. O partido ganhou três ministérios e um dos ministros – o atual das Comunicações- recebe o apadrinhamento do senador paraibano. Conte-se ainda a indicação de aliados para cargos federais. Efraim minimizou e os colocou à disposição do governo federal. Não os entregou. Há diferença. Lula não vai exonerar. O pacto de governabilidade com União Brasil ainda não se rompeu. Além disso, há precedentes. Em 2022, Efraim só pediu que os aliados deixassem cargos no governo João Azevedo no início de abril. Em 2002, ocorreu algo semelhante na relação entre Efraim pai e o governo Maranhão (Efraim pai rompeu e foi candidato a senador na chapa de Cássio Cunha Lima).
Crenças
O movimento do senador Efraim Filho não é simples, guarda certa complexidade. Contudo, ele parece acreditar piamente que não restará outra alternativa aos demais líderes da oposição (Pedro Cunha Lima, Bruno Cunha Lima, Romero Rodrigues, Ruy Carneiro e deputados estaduais) que não a de se unir em torno de um projeto único de candidatura ao governo do Estado, mesmo que essa unidade só venha no segundo turno.
Outra crença é a de que a direita nacional (radicais e liberais) vai apresentar um candidato único à presidência da República e, dentro do projeto, o ex-presidente Jair Bolsonaro ainda terá peso decisivo. Por isso ele pulou na frente.
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