jun 06, 2015 Geral, Polícia 1833
“Querem sangue, querem lama. Querem à força o beijo na lona, e querem ao vivo”. O assunto violência toma conta das rodas de bate-papo e dos “facebootecos” da vida. Alimentam a sede de sangue de uma dezena de programas policiais que vomitam esse mesmo sangue todos os dias em nossas casas. Limitam com prazer […]
“Querem sangue, querem lama. Querem à força o beijo na lona, e querem ao vivo”. O assunto violência toma conta das rodas de bate-papo e dos “facebootecos” da vida. Alimentam a sede de sangue de uma dezena de programas policiais que vomitam esse mesmo sangue todos os dias em nossas casas. Limitam com prazer sua lógica de caos e desordem à uma ilha chamada Paraíba. Não sei se por preguiça, revanchismo ou desconhecimento, são incapazes de enxergar o problema da violência de forma macro, como uma coisa maior e que infelizmente por uma série de fatores o país perdeu o controle. Não precisa ser expert no assunto pra identificar alguns gargalos fundamentais pra que estejamos no caos em que nos encontramos. Código Penal frouxo e caduco, Sistema Penitenciário precário, educação de péssima qualidade, inexistência de integração entre as polícias, muitas vezes desmotivadas e mal equipadas, propagação de lixo cultural, falência dos valores da família, ETC.
Dois exemplos bem recentes e que refletem bem todos os gargalos citados acima, foram o covarde assassinato do jovem numa padaria em Cabedelo, e o aterrorizante arrastão ocorrido numa escola estadual do Jardim Planalto, aqui em João Pessoa.
No 1º caso a polícia já identificou o atirador, e penso que captura-lo é questão de tempo, como geralmente ocorre. Um jovem de 19 anos, e com várias passagens pela polícia. Outros dois suspeitos foram detidos, sendo um com 20 anos e que cumpria pena no SEMI-ABERTO. Vou repetir: 20 anos e que cumpria pena no SEMI-ABERTO. E o outro, um “menininho” com 17 anos de idade, e que segundo investigações teve participação direta no crime.
No 2º caso, o da invasão à escola, um menor foi apreendido. O mesmo já cumpriu pena sócio-educativa por roubo, e PELA 3ª VEZ FOI APREENDIDO PELA PM. Vou repetir: menor, já cumpriu pena sócio-educativa e pela 3ª VEZ FOI APREENDIDO PELA PM. Detalhe: segundo o menor, o crime ainda teve a participação de dois alunos da escola.
Percebem como o monstro é muito maior do que as querelas paroquiais? É de uma covardia e de uma desfaçatez sem tamanho, qualquer que seja o político, utilizar um assunto tão delicado como esse pra fazer política pequena e irresponsável. Senhores, honrem seus mandatos. Ampliem o debate, critiquem e apresentem soluções. Pessoas estão sendo mortas e expostas à todo tipo de violência.
Numa luta cada vez mais desigual, onde o crime organizado é mais integrado e mais organizado do que nossas instituições de segurança, continuar deixando nas mãos dos Estados a responsabilidade pela segurança pública, é ser co-autor dos crimes que vem destruindo famílias brasileiras. No estágio de banalidade da violência em que chegamos, os estados estarão sempre tomando medidas paliativas, com algum efeito prático no início, mas com efetividade de curto prazo.
Óbvio que o Governo do Estado deve fazer mais. Colocar mais polícia na rua, dar um novo choque de gestão. Enfim, criar um fato novo. Mas ainda assim, não deixarão de ser um paliativos. Policiais continuarão enxugando gelo. Penitenciárias continuarão sendo universidades do crime. Nosso código penal continuará sendo antiquado, frouxo e induzindo a impunidade. O ECA continuará mais acobertando do que protegendo. Nossas escolas públicas continuarão a serem depósitos ambulantes de crianças e adolescentes.
O grande desafio e uma das bandeiras que os governadores do Nordeste devem levar à Presidenta da República e seus pares, é sim a criação de um Ministério da Segurança. Bater na mesa e cobrar uma atitude. Alinhar, unificar e integrar as polícias. Padronizar as ações de combate e prevenção de forma uniforme e permanente. A União precisa assumir o papel de mola-mestra. O núcleo. É nós como cidadãos e sociedade civil, precisamos sustentar e cobrar avanços nesse debate. A eleição acabou, ponto. Limitar o debate por politicagem ou rancor, em nada acrescenta ou colabora.
Maldita eleição de dois em dois anos.
Por: Aldo Ribeiro
mar 02, 2025
fev 23, 2025
jan 17, 2025
jan 08, 2025