jul 11, 2015 Destaque, Política 1153
Por Rômulo Polari O PT passa por uma grande crise. Primeiro pelas dificuldades do início do seu quarto governo consecutivo do país. Depois pela opção da presidente Dilma por ajustes econômicos geradores de recessão, desemprego e inflação, com custos excessivos aos pobres. Houve, assim, rompimento de compromissos assumidos na campanha eleitoral. O pior é o […]
Por Rômulo Polari
O PT passa por uma grande crise. Primeiro pelas dificuldades do início do seu quarto governo consecutivo do país. Depois pela opção da presidente Dilma por ajustes econômicos geradores de recessão, desemprego e inflação, com custos excessivos aos pobres. Houve, assim, rompimento de compromissos assumidos na campanha eleitoral.
O pior é o desgaste moral, ético e político do PT, num processo contraditório de autonegação de seus fundamentos. Foram-se as utopias inspiradas no uso do poder para fazer um Brasil próspero, socialmente inclusivo, igualitário e justo. Cresceu o apego às vantagens pessoais e ao charme da burguesia. Líderes e militantes transformaram-se em burocratas e políticos tradicionais com ares aristocráticos.
O ex-presidente Lula, o maior líder político do país, aumentou suas críticas à erosão das razões lógico-históricas de ser do PT. Como solução propõe uma revolução no partido, capaz de arejá-lo com gente nova com novas ações, ideias e utopias. O problema é fazer prevalecer esse novo conteúdo partidário virtuoso, se os velhos caciques apegados ao que se quer mudar continuarem dando as ordens.
O Brasil precisa, urgentemente, de um partido político com esse conjunto de práticas, ideias, virtudes e compromissos sociais. E ele certamente surgirá, quer seja através do novo PT almejado por Lula ou de outra criação genuinamente inovadora. Existem oportunidades e determinações históricas para tanto.
A nossa democracia padece de pobreza franciscana, em termos de partidos à altura das necessidades políticas, sociais e econômicas nacionais. O velho PT está longe desse ideal, os demais partidos estão muito mais. Tanto é assim que, mesmo reduzindo de 25% para 11% os seus simpatizantes entre os eleitores do país, o PT mantém-se, com destaque, em primeiro lugar.
É, sim, possível uma autocrítica rejuvenescedora do PT, à luz das esperanças e perspectivas do Brasil. O país tem que pensar grande, com vistas à sua inserção produtiva altiva à globalização, sendo a quarta ou quinta maior economia do mundo. O novo PT deve ter competentes quadros técnico, intelectual e político para ser o farol desse futuro.
O novo PT precisa saber e propor os caminhos do nosso desenvolvimento no mundo da sociedade do conhecimento e globalização econômica. É preciso liderar a difícil tarefa da criação de um novo Estado inspirado no bem-estar social, defesa racional dos interesses da economia e nas boas práticas e eficiência dos gastos, endividamento e déficits públicos.
Há, porém, graves problemas a resolver, com a austeridade fiscal imposta ao país. O ministro Joaquim Levy não consegue explicar por que o seu plano de ajustes é cada vez mais incerto, nos benefícios, e pródigo nos custos. A indústria, os serviços, trabalhadores e pessoas socialmente vulneráveis sofrem horrores, enquanto os bancos e rentistas têm ganhos adicionais gigantescos.
Os ajustamentos em curso parecem não ter fim. No seu melhor cenário, o país terá dois anos de recessão, alto desemprego e queda das rendas do trabalho e do capital produtivo. Tudo isso por uma promessa de inflação na meta de 4,5%, no final de 2016. É evidente que o PT e o governo Dilma não sobreviverão a essa longa hecatombe socioeconômica. Do Wscom.