fev 28, 2016 Destaque, Política 1985
Partido que faz parte da base aliada usa hoje os 10 minutos de programa partidário na televisão para traçar um cenário sombrio do governo Dilma e colocar Temer como a solução para o país No programa do PMDB, em meio a muitas críticas ao governo Dilma, o vice Michel Temer é alçado a salvador […]
Partido que faz parte da base aliada usa hoje os 10 minutos de programa partidário na televisão para traçar um cenário sombrio do governo Dilma e colocar Temer como a solução para o país
No programa do PMDB, em meio a muitas críticas ao governo Dilma, o vice Michel Temer é alçado a salvador da Pátria
Um Brasil mergulhado em uma profunda crise, com desemprego, recessão, pessoas ficando mais pobres e os preços subindo, tudo isso por culpa de uma gestão desastrosa, também permeada pela corrupção. O cenário assustador não foi apontado pela oposição, mas pelo principal partido que dá – ou deveria dar – sustentação ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT), o PMDB, em uma propaganda de 10 minutos que vai ao ar hoje à noite. Em meio a duras críticas à condução dos rumos do país pelo Palácio do Planalto, a legenda do vice-presidente Michel Temer se apresenta como solução para devolver as expectativas de melhora aos brasileiros.
A propaganda partidária é apresentada em tom sombrio, com um fundo preto em que nem mesmo a logomarca do PMDB quebra o ar de luto com as cores tradicionais. A música completa o clima de suspense enquanto os vários parlamentares vão listando as mazelas do governo Dilma – como se não fizessem parte dele. De acordo com o partido, o país entra 2016 com sensação de impotência, pois a economia desanda e o desemprego cresce, estando de mãos dadas com a carestia. “A verdade é que o brasileiro empobreceu, entristeceu, e o país precisa reagir já”, afirma a apresentadora.
Temer diz no programa considerar naturais os sentimentos de desconfiança, abatimento e pessimismo do brasileiro. “Estamos vivendo dias muito difíceis, principalmente em função dos nossos próprios erros”, afirma o vice de Dilma. Na sequência, ele afirma que é possível transformar os erros em virtude ao encará-los com bom senso.
O vice, que há pouco tempo demonstrou publicamente o descontentamento por ser, em sua visão, tratado como “figura decorativa” por Dilma, no programa do partido que preside é alçado a protagonista. Os líderes e deputados dizem que o partido vai apresentar o Plano Temer 2, que irá “propor como manter e ampliar os ganhos sociais”. Eles lembram que já foi apresentado um Plano Temer 1, que seria o documento “Uma ponte para o futuro”, no qual o PMDB dá sugestões para a política econômica.
Ficou para a tropa de choque a missão de dar as “pancadas” mais fortes na gestão petista. O deputado federal Osmar Serraglio fez referência às investigações que pesam contra o governo Dilma, dizendo que “não dá para aceitar tantos desvios de conduta com tanta gente fazendo coisa errada”. O colega de bancada Marcos Rotta completou: “É inadmissível que a maior e mais importante empresa brasileira esteja no fundo do poço, jorrando incompetência”. Entre outras críticas, o partido coloca a má gestão como causadora da crise e diz que a honra do brasileiro está ferida. Segundo o PMDB, o pior disso é o fato de o governo não apontar soluções.
O principal adversário da presidente Dilma dentro do PMDB, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, também falou, mas em vez das críticas habituais, foi mais evasivo. “Vivemos o estado de direito. Vivemos o que garante a todos, sem exceção, o que a lei diz. E é numa crise como esta que vivemos que esses direitos devem mais do que nunca serem preservados”, afirmou.
O líder do governo na Câmara, Leonardo Picciani, diz que é natural ao maior partido propor diálogo e encaminhar mudanças. Outros parlamentares completam, dizendo que é plenamente possível reunir o país e que o PMDB já esteve à frente de movimentos nesse sentido. A bola é devolvida a Temer, que fecha o programa dizendo: “O Brasil precisa de pacificação e consenso, e é para já”.
Derrotas Desde o início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, o PMDB vem dando dores de cabeça à petista, principalmente com a atuação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que arquitetou derrotas contra ela na Casa. O rompimento ficou ainda mais claro quando ele aceitou a tramitação do pedido de impeachment contra a petista. Depois coube ao próprio Temer desfiar o rosário de queixas em uma carta que acabou vazando para a imprensa para depois dizer que não havia nenhum rompimento com o governo.
Temer vem percorrendo o país em eventos internos do PMDB recheados de críticas ao governo Dilma. A motivação oficial é fazer campanha, embora seja candidato único, para permanecer no comando do PMDB. Nos encontros, integrantes do partido o colocam como solução para a crise brasileira e falam em candidatura do PMDB em 2018. Em Belo Horizonte, peemedebistas chegaram a defender que o partido engrosse o coro das manifestações e atue pelo afastamento da presidente Dilma, o que levaria Temer a assumir o restante do mandato sem necessidade de aprovação popular.
Pesquisa CNT
Fonte: Estado de Minas
Créditos: Estado de Minas