maio 22, 2017 Destaque, Senado 1657
O senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) teria tentado organizar uma estratégia para barrar o avanço das investigações da Operação Lava Jato com a participação do presidente Michel Temer (PMDB) e do ex-ministro da Justiça e atual ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. A constatação é feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, […]
O senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) teria tentado organizar uma estratégia para barrar o avanço das investigações da Operação Lava Jato com a participação do presidente Michel Temer (PMDB) e do ex-ministro da Justiça e atual ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
A constatação é feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no pedido de abertura de inquérito contra Temer, Aécio e o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Em nota, Aécio nega ter tomado medidas para conter o avanço da Lava Jato. Em nota, o Palácio do Planalto afirma que o presidente jamais atuou contra a Lava Jato. A assessoria de imprensa de Alexandre de Moraes ainda não se manifestou sobre o caso.
“Mais especificamente sobre a Lava Jato, o senador teria tentado organizar uma forma de impedir que as investigações avançassem, por meio da escolha dos delegados que conduziriam os inquéritos, direcionando as distribuições, mas isso não teria sido finalizado entre ele, Michel Temer e o ex-ministro da Justiça e atual Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes”, diz um trecho do pedido de abertura de inquérito feito pelo PGR.
O trecho da conversa em que há menções a Alexandre de Moraes começa com um comentário feito por Aécio Neves sobre os impactos da Operação Carne Fraca, que investigou irregularidades no setor de frigoríficos e que atingiu a JBS.
“Deixa eu te falar com a autoridade de um amigo fraterno que você tem [inaudível] o negócio pra vocês foi uma merda [mas] o conjunto da obra não foi, porque deu um freio nesses filho da puta [sic] também da loucura”, disse Aécio.
O “freio” citado por Aécio pode ser uma menção tanto ao MPF (Ministério Público Federal) quanto à PF (Polícia Federal), responsáveis pelas investigações. A operação foi envolta em diversas polêmicas, entre elas a informação divulgada durante uma entrevista coletiva de que frigoríficos estariam comercializado produtos feitos de papelão.
Logo em seguida, Joesley disse que era necessário “capitalizar” com o episódio.
Depois disso, Aécio cita o nome de Alexandre de Moraes, e Joesley diz: “Esse foi bom”.
Aécio faz então uma série de críticas e em relação à falta de pulso de parte do governo para comandar a distribuição dos inquéritos relativos a políticos investigados pela Operação Lava Jato.
É nesse momento em que Aécio dá a entender que ele teria tentado orquestrar uma ação para ter controle sobre a distribuição dos inquéritos.
“Eles não notaram que o cara que vai distribuir os inquéritos [inaudível] sei lá tem cem, dois mil delegados federais? Tem que escolher dez caras. O do Moreira [Franco], o que interessa a ele, sei lá, vai pro João. O do Aécio vai pro Zé. O outro filho da puta, foda-se, vai para o Marculino. Nem isso conseguiram terminar, eu, o Alexandre e o Michel [Temer].”
Ministro polêmico
A passagem de Alexandre de Moraes pelo Ministério da Justiça foi marcada por polêmicas. Nome indicado pelo PSDB, Moraes havia sido secretário de Segurança Pública de São Paulo durante a gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Antes de ser secretário, porém, Moraes foi advogado de figuras conhecidas no meio político como o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pela Operação Lava Jato. Outra polêmica relacionada a ele foi o fato de ele ter sido advogado de uma cooperativa de transporte suspeita de ter ligações com o PCC (Primeiro Comando da Capital), principal facção criminal de São Paulo.
Em fevereiro de 2017, ele foi indicado pelo presidente Michel Temer para ocupar a vaga no STF aberta pela morte do então relator da Operação Lava Jato no Supremo Teori Zavascki, morto em um acidente aéreo em janeiro de 2017.
Logo em seguida, Joesley disse que era necessário “capitalizar” com o episódio.
Depois disso, Aécio cita o nome de Alexandre de Moraes, e Joesley diz: “Esse foi bom”.
Aécio faz então uma série de críticas e em relação à falta de pulso de parte do governo para comandar a distribuição dos inquéritos relativos a políticos investigados pela Operação Lava Jato.
É nesse momento em que Aécio dá a entender que ele teria tentado orquestrar uma ação para ter controle sobre a distribuição dos inquéritos.
“Eles não notaram que o cara que vai distribuir os inquéritos [inaudível] sei lá tem cem, dois mil delegados federais? Tem que escolher dez caras. O do Moreira [Franco], o que interessa a ele, sei lá, vai pro João. O do Aécio vai pro Zé. O outro filho da puta, foda-se, vai para o Marculino. Nem isso conseguiram terminar, eu, o Alexandre e o Michel [Temer].”
Ministro polêmico
A passagem de Alexandre de Moraes pelo Ministério da Justiça foi marcada por polêmicas. Nome indicado pelo PSDB, Moraes havia sido secretário de Segurança Pública de São Paulo durante a gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Antes de ser secretário, porém, Moraes foi advogado de figuras conhecidas no meio político como o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pela Operação Lava Jato. Outra polêmica relacionada a ele foi o fato de ele ter sido advogado de uma cooperativa de transporte suspeita de ter ligações com o PCC (Primeiro Comando da Capital), principal facção criminal de São Paulo.
Em fevereiro de 2017, ele foi indicado pelo presidente Michel Temer para ocupar a vaga no STF aberta pela morte do então relator da Operação Lava Jato no Supremo Teori Zavascki, morto em um acidente aéreo em janeiro de 2017.
Outro lado
A reportagem do UOL enviou e-mails e mensagens de texto para as assessorias de imprensa do Palácio do Planalto, do ministro Alexandre de Moraes e do senador Aécio Neves.
Em nota, Aécio negou ter tomado medidas para barrar o avanço da Lava Jato.
“Não existe qualquer ato do senador Aécio Neves, como parlamentar ou presidente do PSDB, que possa ter colocado qualquer empecilho aos avanços da Operação Lava Jato. Ao contrário, como presidente do partido, o senador foi um dos primeiros a hipotecar apoio à operação”, diz um trecho da nota.
Em nota enviada à reportagem, a Secom do Palácio do Planalto afirma que “o presidente Michel Temer jamais fez algo para impedir o avanço da Lava Jato”.
A assessoria de imprensa de Alexandre de Moraes ainda não se manifestou sobre o caso até o fechamento desta reportagem.
Em abril, quando vieram à tona as delações premiadas da Odebrecht, o senador Aécio Neves teve cinco pedidos de abertura de inquérito feitos pelo ministro do STF, Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.
Fonte: UOL